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Contando História na Escola
O nosso interesse é "fazer diferente". Então,aproveite as dicas e "faça a diferença" você também!Use muitas histórias para en-can-tar seus alunos!
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sábado, 28 de setembro de 2013

PostHeaderIcon História pra qualquer idade: Cabidelim,o doce monstrinho. De Sylvia Orthof

Gente, 

É uma história linda,rápida, fofa,adorável e seus alunos, pequeninos ou grandões, vão adorar!

Vale muito a leitura desse livro!!

"Cabidelim, o doce monstrinho" nos traz um personagem que vive dentro de um armário de roupas, pendurado em um cabide (daí o nome Cabidelim). Cabidelim é formado na Escola Superior de Confidências e por isto, é especialista em conselhos e consolo. A dona do armário onde ele mora está com um monte de problemas e é ele quem poderá ajudá-la... 



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

PostHeaderIcon "Leia para uma criança" #issomudaomundo

No nosso país não é muito comum encontrarmos comerciais de incentivo à leitura, principalmente produzidos por empresas de grande porte. Por isso que quando vemos uma campanha dessas que incentiva gratuitamente o hábito de ler nós não podemos fechar os nossos olhos.

O Banco Itaú tem um programa " Itaú Criança da Fundação Itaú Social desde 2005, cujo mote é “Leia para uma Criança”, que já distribuiu gratuitamente mais de 30 milhões de livros em todo o Brasil. O objetivo é sensibilizar os adultos a lerem para as crianças pequenas e, assim, contribuir para a garantia de seus direitos e para seu pleno desenvolvimento.

Para o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antonio Jacinto Matias, a iniciativa reforça uma das atuações do programa Itaú Criança, que é o incentivo à leitura. “O acesso à leitura e aos livros contribui para o exercício dos direitos  das  crianças e dos adolescentes, favorece seu pleno desenvolvimento e sua compreensão do mundo onde vive. E esta iniciativa contribui muito para tocar a sociedade e mobilizá-la a assumir um compromisso em relação às novas gerações”, explica.

Sabemos que o Banco Itaú tem uma atuação muito forte na internet e nas redes sociais, com isso, além de enviar livros de histórias que você pede por cadastro no site ele também possui  "Os Hangouts On Air do programa ‘Leia para uma Criança’ do Itaú que traduzem a importância da tecnologia para a leitura, o desenvolvimento infantil das novas gerações e o alcance da plataforma para além de barreiras físicas".

Iniciativas como o hangout surgem como uma forma de utilizar a tecnologia para aproximar as pessoas, possibilitando interação e a realização da leitura mesmo à distância.

Muitas crianças já sabem como ler é bacana através dessa iniciativa do Banco Itaú. Olha o menino Misael:

"O Misael se inspirou na história do ratinho e foi colher morangos  Leia para uma criança:#issomudaomundo"


 [foto retirada da página do Facebook do  Banco Itaú] 
Mude o mundo você também! Leia para uma criança!

Quer saber mais? 
acesse:
http://www.itau.com.br/itaucrianca/

PostHeaderIcon Aceita um pouco de Alice? (Blog de cara nova!)

Olá, pessoal!

O nosso blog tá de cara nova!!!

Com um pouquinho de pesquisa e uma ajudona do marido nerd, conseguimos trazer um tema que tem tudo a ver com a proposta do Blog: Alice no país das maravilhas. Alice é conhecida por ser muito curiosa e através dessa curiosidade ela encontra um mundo totalmente diferente do seu. Inspire-se nela e descubra um mundo de histórias cheio de maravilhas!
Seja curioso.Largue a mesmice!

Siga o coelho!


Espero que gostem! 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

PostHeaderIcon Refletindo...

É possível contar ou ler histórias entre uma aula e outra? Perda ou ganho de tempo? O que você acha? 

Deixe seu comentário!

PostHeaderIcon Dica de curso: Contador de Histórias

Olá, pessoal! 

Segue aí uma dica muito boa para você que gosta ou não faz ideia de como começar a contar histórias.


 É no SENAC RJ e tem carga horária de 160 horas.Um ótimo curso que fará total diferença na sua vida e no seu currículo. Lembrando que contar histórias não se restringe apenas ao ambiente escolar. Você pode contar histórias para seus filhos, sobrinhos,vizinhos, em hospitais,praças,igrejas, e em vários outros lugares. Contar histórias é uma ótima maneira de se aproximar das pessoas e se tornar um ser humano melhor! 


Aproveite! Mude sua mente! 


Olha o link:http://www.rj.senac.br/index.php/ensino/view/course/364

Quer saber mais, tirar uma dúvida ou ficar informado sobre este curso?

Ligue para o Disque-Senac: 4002-2002

PostHeaderIcon História para crianças- Pinóquio


Pinóquio

Gepeto era um carpinteiro que vivia sozinho e sonhava em ter um filho. Um dia, ele decidiu fazer um boneco de madeira, que ganhou vida graças ao seu desejo. 
- Serás o filho que eu não tive e vou chamar-te Pinóquio.
Nessa noite, uma Fada Madrinha visitou a oficina de Gepeto e ao tocar Pinóquio com a varinha mágica disse:
- Vou-te dar vida, boneco. Mas, deves ser sempre bom e honesto!
No dia seguinte, Gepeto notou que os seus desejos se tinham tornado realidade. Mandou Pinóquio à escola, acompanhado pelo grilo cantante Pepe.
Pelo caminho encontraram a D. Raposa e a D. Gata.
- Porque vais para a Escola se há por aí tantos lugares bem mais alegres? - perguntou a Raposa.
- Não lhe dês ouvidos! - avisou-o Pepe, o grilo. Mas Pinóquio, para quem tudo era novidade, acabou por dar ouvidos a D. Raposa e conheceu Strombóli, o dono de um teatrinho de marionetas.
- Comigo serás o artista mais famoso do mundo! - sussurrou no ouvido de Pinóquio, o astucioso Strombóli.
O espectáculo começou.
Pinóquio foi a estrela, principalmente pelas suas asneiras, que causaram muitos risos. Os outros bonecos eram espertos, tinham prática, enquanto Pinóquio era trapalhão... Por isso triunfou!
No final do espectáculo Pinóquio quis ir embora, mas Strombóli tinha outros planos.
- Vou prender-te nesta jaula, boneco falante. Vales muito mais do que um diamante!
Por sorte o grilo Pepe correu a avisar a Fada Madrinha, que enviou uma borboleta mágica para salvar Pinóquio.
Quando se recompôs do susto, a borboleta perguntou-lhe aonde vivia.
- Não tenho casa. - respondeu Pinóquio. 

A borboleta voltou a fazer-lhe a mesma pergunta, e ele a d
ar a mesma resposta. Mas, sempre que mentia, o nariz crescia-lhe mais um pouco, pelo que não conseguiu enganar a Borboleta Mágica.
- Não quero este nariz! - soluçou Pinóquio.
- Terás que te portar bem e não mentir! Voltas para casa e vais à Escola. - disse-lhe a Borboleta Mágica.
Ao regressar a casa, Pinóquio foi recebido com muita alegria por Gepeto e passou a portar-se bem.
Algum tempo depois, quando ia para a Escola, voltou a encontrar a Raposa, que o desafiou para a acompanhar à Ilha dos Jogos.
Não resistiu e lá foi com a Raposa. Assim que entrou começaram a crescer-lhe as orelhas e a transformar-se em burro. Aflito, valeu-lhe o grilo Pepe, que lhe disse:
- Anda, Pinóquio. Conheço uma porta secreta...! Não te queres transformar em burro, pois não? Levar-te-iam para um curral!
- Sim, vou contigo, meu amigo.

Ao chegarem a casa encontraram-na vazia. Souberam por uns marinheiros que Gepeto se tinha feito ao mar num bote. Como o grilo Pepe era muito esperto, ensinou Pinóquio a construir uma jangada. Dois dias mais tarde, quando navegavam já longe de terra, avistaram uma baleia.
- Essa baleia vem direita a nós! gritou Pepe.
- É melhor saltarmos para a água!
Mas não se salvaram ... a baleia engoliu-os.
Entretanto, descobriram que no interior da barriga da baleia estava Gepeto, que tinha naufragado durante uma tempestade.
Depois de se terem abraçado, resolveram acender uma fogueira. A baleia espirrou e deitou-os para fora.
- Perdoa-me, papá - suplicou Pinóquio muito arrependido.
E a partir daí mostrou-se tão dedicado e bondoso que a Fada Madrinha, no dia do seu primeiro aniversário, transformou-o num menino de carne e osso ... num menino de verdade.
- Agora tenho um filho verdadeiro! - exclamou Gepeto radiante.
FIM

PostHeaderIcon História para crianças- "A Festa no céu"


Festa no céu

Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma festa no Céu. 
Porém, só foram convidados os animais que voam.
As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros animais, que não podiam voar.
Um sapo muito malandro, que vivia no brejo,lá no meio da floresta, ficou com muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e saiu espalhando para todos, que também fora convidado.
Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido convidado para a festa no céu, riam dele.
Imaginem o sapo, pesadão, não agüentava nem correr, que diria voar até a tal festa!
Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a floresta.
_ Tira essa idéia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da árvore.- Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa no Céu.
_ Eu vou sim.- dizia o sapo muito esperançoso. - Ainda não sei como, mas irei. Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais.
Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano.
Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram com as piadas que o sapo contava.
Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo:
_ Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde preciso estar bem disposto e animado para curtir a festa.
_Você vai mesmo, amigo sapo? - perguntou o urubu, meio desconfiado.
_ Claro, não perderia essa festa por nada. - disse o sapo já em retirada.- Até amanhã!
Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do urubu e vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela.
Chegada a hora da festa,o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu pescoço e vôou em direção ao céu.

         Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num canto e foi procurar as outras aves. O sapo aproveitou para espiar e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e saltou da viola, todo contente. 
As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo dançando e pulando no céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o sapo esquivando-se mudava de conversa e ia se divertir. 
Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu que era hora de se preparar para a "carona" com o urubu. Saiu sem que ninguém percebesse, e entrou na viola do urubu, que estava encostada num cantinho do salão. 
O sol já estava surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram voando, cada um para o seu destino. 
O urubu pegou a sua viola e vôou em direção à floresta. 
Voava tranqüilo, quando no meio do caminho sentiu algo se mexer dentro da viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o sapo dormindo , todo encolhido, parecia uma bola. 
- Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à festa no Céu? Sem pedir, sem avisar e ainda me fez de bobo! 
E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo despencou direto para o chão. 
A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima das pedras do leito de um rio, e mais impressionante ainda foi que ele não morreu. 
Nossa Senhora, viu o que aconteceu e salvou o bichinho. 
Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma porção de remendos. É por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas costas, é uma homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração. 

Texto e foto retirados da internet.Se conhecer o autor, nos avise, pois daremos os devidos créditos. ;)


Os Conquistadores 
Era uma vez um vasto país governado por um General. 
Os habitantes acreditavam que o seu modo de vida era o melhor. 
Tinham um exército muito forte e dispunham de canhões. 
De tempos a tempos, o General reunia o exército e atacava um país vizinho. 
“É para o bem deles,”dizia. “Para que possam ser como nós.” 
Os outros países resistiam, mas acabavam sempre por ser conquistados. 
Com o tempo, o General acabou por dominar todos os países. Todos, excepto um… 
Tratava-se de um país tão pequeno que o General nunca se tinha dado ao incómodo de
o invadir. Só que agora era o único que restava. Assim, o General e o seu exército puseram-se
a caminho. 
O pequeno país surpreendeu o General.
Não tinha exército nem ofereceu resistência. 
As pessoas saudaram os soldados invasores como se fossem convidados bem-vindos. 
O General instalou-se na casa mais confortável do país e os soldados ficaram em casa
dos habitantes. 
Todas as manhãs, o General levava os soldados para a parada e, depois, escrevia cartas 
à mulher e ao filho. 
Os soldados falavam com as pessoas, jogavam com elas, escutavam as suas histórias,
cantavam as suas canções e riam-se das suas piadas. 
A comida era diferente da deles. 
Viam-na a ser preparada e depois comiam-na. Era deliciosa. 
Como não tinham mais nada que fazer, ajudavam as pessoas no seu trabalho. 
Quando o General se apercebeu do que se estava a passar, ficou furioso. 
Mandou os soldados para casa e substituiu-os por outros. 
Mas os novos soldados comportaram-se como os outros o tinham feito. O General percebeu que não precisava de um grande exército. 
Decidiu regressar a casa e deixar apenas alguns soldados a ocupar o país. 
Logo que o General partiu, os soldados penduraram os uniformes e juntaram-se à
população nas tarefas do quotidiano. 
O General regressou triunfante a casa, com os soldados a cantarem, como era hábito: 
Somos os conquistadores. 
Somos os conquistadores. 
O General estava contente por ter regressado, embora sentisse que algo mudara. 
Os cozinhados cheiravam aos cozinhados do pequeno país. 
As pessoas jogavam os jogos do pequeno país. 
Até algumas roupas eram iguais às roupas do pequeno país. 
Sorriu e pensou: “Ah! Os despojos da guerra.” 
Nessa noite, quando foi deitar o filho, o menino pediu-lhe que cantasse para ele. 
O General cantou-lhe as únicas canções de que se lembrava. 
Eram as canções do pequeno país. 
O pequeno país que ele conquistara. 
Tradução e adaptação 
David McKee
The Conquerors 
London, Anderson Press, 2004 

PostHeaderIcon História para adolescentes- " A cor dos olhos"

A cor dos olhos 
Naquele tempo, que não era como o tempo de hoje, os leões já tinham quatro patas mas, 
tal como os elefantes, não podiam meter-se por dois caminhos ao mesmo tempo! 
Naquele tempo, 
naquela aldeia 
havia Fati e Issa. 
Fati dormia deitada numa esteira, sempre de barriga para baixo. Durante esse tempo, Issa
sonhava deitado de costas, na cabana da mãe. 
Uma manhã, Issa convidou Fati para ir com ele à pesca, no grande riacho. 
― Fati, vens ou não pescar?
― Vou, mas… e se o peixe não morde? 
― Ficamos à espera. 
Partiram com ele à frente, como sempre. 
Fati, que era cega, seguia-lhe os passos. 
A mãe dela, como todas as mães da aldeia, sabia fazer um bom molho com sementes e
também uma mistura saborosa de inhame. O pai conhecia os remédios contra as serpentes e os 
génios malfazejos, e contra os anões ruins do mato que só fazem mal!
Mas nem o pai nem a mãe sabiam transformar os olhos que não vêem em olhos que 
vêem! 
Fati e Issa caminhavam num estreito carreiro vermelho. 
Issa viu pássaros tecelões dar reviravoltas perto das folhas de um embondeiro. Fati ouviu-os chilrear. 
Tinha posto na cabeça um lenço para se proteger um pouco. Tal como Issa, sentia o sol a 
queimar-lhe os ombros como se fosse uma fogueira no mato. 
Não sabia nada da forma zombeteira das sombras, sempre um pouco maiores, mas 
conseguia adivinhar a grande boca do sol que sugava o céu com gulodice. 
Chegaram ao riacho. 
― A água está bem desperta ― gritou Issa. 
Fati mergulhou o dedo e exclamou: 
― Esta água está toda molhada! 
Issa preparou uma linha para Fati e outra para ele. 
Deitaram-nas à água. Passou algum tempo. 
Issa inclinou-se para Fati e murmurou-lhe, quase a morder-lhe a orelha: 
― Não te mexas, vou andar alguns passos. 
― Porquê? 
― O sol está muito forte. Talvez encontre uma jujubeira que nos dê sombra. 
Afastou-se, apressado, para fazer algo que ninguém poderia ter feito por ele! 
Nada acontece sem se fazer anunciar… 
Fati, com a linha entre os dedos, estava tão imóvel como uma velha termiteira, quando 
sentiu um abanão na mão. Quando sentiu o segundo abanão, foi como se estivesse à espera dele, 
precisamente naquele momento. Puxou com um gesto seco e, quando ouviu a água a salpicar, 
não teve dúvidas: era mesmo um peixe que tinha mordido o isco e que ela estava a pescar. Com 
cuidado, para não assustar nada nem ninguém, levantou-se, puxando sempre a linha com a mão. 
Agarrou o pequeno peixe que dançava agarrado ao isco. 
Disse em voz alta, para si própria: “É de certeza uma carpa, uma carpa pequena e linda.” 
― Uma carpa que preferiria voltar para a água em vez de assar ao sol — respondeu-lhe 
uma voz. 
― És tu, Issa? 
― Não é o Issa, sou eu ― respondeu-lhe a carpa. 
― Mas quem está a falar? ― perguntou Fati. 
Não obteve resposta. Pensou que tinha sonhado. 
Com cuidado, tirou o peixe do isco. 
― Ufa, obrigado. Assim está melhor ― ouviu. 
― Mas de quem é esta voz que não conheço? ― É minha. Sou a carpa que acabas de pescar, não vês?
― Não. Tenho olhos mas não vejo. 
A carpa, que era menos medrosa do que uma tartaruga e mais faladora do que um
quimbanda lisonjeador, continuou a falar. 
― Será que me podes dizer o teu nome, tu que me pescaste?
― Fati. 
― Fati, se voltares a pôr-me na água do riacho, posso dar-te o mais belo dos presentes. 
― O que é o mais belo dos presentes?
― É o que quiseres… exactamente o que quiseres. 
― Não existe o mais belo dos presentes.
― Existe, sim! 
Fati pôs-se a rir e disse à carpa: 
― Pequeno peixe, podes ofender o génio da água com as tuas mentiras. 
― Não estou a mentir. 
― Então faz-me ver o mundo com os meus dois olhos.
― O mundo inteiro? 
― O mundo inteiro. 
Sem pensar duas vezes, o pequeno peixe disse a Fati: 
― Pega em duas das minhas escamas, e põe uma em cada olho. 
― Depois… 
― Depois, nada. É tudo. Verás o que quiseres ver. 
Fati pegou em duas escamas e fez o que a carpa lhe tinha
dito. Então, começou a ver de verdade, e os seus dois olhos 
tocaram o mundo. 
― Agora, podes ver quase tudo ―disse-lhe a carpa. 
― Porquê “quase”?
― Podes ver tudo, excepto os teus olhos. Com os
próprios olhos, ninguém pode ver os seus próprios olhos. 
Fati pôs o pequeno peixe no riacho e ele continuou a
viver como um peixe na água. 
Issa chegou. Tinha-se aliviado em algum lado. 
Fati, que nunca o tinha visto, viu-o aproximar-se. ― Issa, estou a reconhecer-te. 
― É lógico, porque me conheces. 
― Reconheço-te com os meus olhos, não apenas com os ouvidos! 
Issa tinha parado a dois passos de Fati. Olhava-a bem de perto, e assim podia ver-lhe os 
olhos. Exclamou: 
― Mas o que é que se passa? Lavaste os olhos no céu?
― E por que dizes isso?
― Fati, os teus olhos estão azuis como o céu. Continuas negra mas tens os olhos cor do 
céu! 
Fati contou-lhe tudo. 
Quando chegaram à aldeia, Fati ficou espantada por ver um só mundo com os dois olhos. 
No dia seguinte, de manhã, ouviram a aldeia a murmurar. 
Issa, que continuava a dar-lhe a mão, escutou as vozes ao mesmo tempo que ela.
Viram chegar as três co-esposas do pai de Fati, e outras mulheres, e alguns homens. 
Tinham a boca cheia de maldades e gritavam. A seguir, chegaram os da aldeia. Eram piores do
que animais loucos do mato. Gritavam:
― Bruxa! 
― Fati, vai-te embora! 
― Não passas de uma bastarda do céu! 
― Bruxa azul! Deixa-nos, vai-te embora para
sempre, tu e os teus olhos azuis! 
― Excremento de abutre! 
Puseram-se a atirar-lhe pedras e Fati não 
encontrou outra solução senão fugir. Issa, que tentara
defendê-la, teve de fazer o mesmo. 
Depois de uma longa corrida, chegaram ao fundo, ao fim do fim, um pouco mais longe 
do que o horizonte. 
― Fati, eu gosto de ti. 
― Não tens medo dos meus olhos? 
― Fati, eu gosto de ti. 
Tinham-se sentado frente a frente, à sombra de uma jujubeira. 
Fati perguntou: ― Será que fechando os olhos, acabamos com a maldade? 
― Não… não se acaba com nada. Se fechares os olhos, nem sequer acabas com as 
cóleras do mato. 
Calaram-se. Issa tomou as mãos de Fati nas suas. Fati tinha dois olhos para ver e chorar. 
Murmurou-lhe: 
― Eles têm medo. Estão cativos do medo que
têm, e o medo faz esquecer o coração…
Nesse dia, nesse tempo, que se parecia muito com
o tempo de hoje, Fati e Issa tinham o coração ferido 
como uma velha cabaça. 
Levantaram-se e afastaram-se ainda mais da aldeia,
talvez para encontrar a fonte dos quatro ventos do céu, 
aqueles que fazem as mesmas cócegas em todas as cores
do mundo. 
Muitas estações das chuvas deram lugar a muitas estações secas. 
E ontem, na aldeia, um grande pássaro negro pousou na bela árvore vermelha florida. Era
um calau. 
Um calau negro de olhos azuis. Sim, negro de olhos azuis! Todos o acharam belo. 
Este calau era um sinal. Logo que parou na grande árvore da aldeia, Fati e Issa chegaram. 
Fati sorria tal como Issa. Foi ela quem disse: 
― Bom dia, estávamos tão longe há tanto tempo… eis-nos aqui, 
os dois. 
― Bom dia! 
― Bom dia… 
Foram muitos os que lhes ofereceram a água das boas-vindas. 
No dia seguinte, Issa começou a construir a cabana deles. 
Tal como acontecera com os pais deles, foi na sua aldeia que
tiveram os filhos. 
E foi assim.
Foi o quimbanda quem mo disse. 

Yves Pinguilly, Florence Koenig
La couleur des yeux 
Autrement Jeunesse, 2001
quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PostHeaderIcon Ler ,Contar ou os dois?

Se você não sabe a diferença entre ler e contar histórias, aqui vai uma matéria que saiu na Revista Nova Escola explicando e mostrando que um é tão importante quanto o outro! (http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/ler-diferente-contar-historias-683010.shtml)

PostHeaderIcon BICHO DO MATO do grupo Os Tapetes Contadores de Histórias


Você conhece o grupo Os tapetes Contadores de Histórias? Não? Então, aqui vai uma pequena demonstração de uma forma linda de se contar histórias! Quem sabe você não se inspira? #ficaadica

PostHeaderIcon Boas Vindas!

Olá, pessoal!

Esse Blog surgiu por conta de um trabalho na nossa faculdade. Por isso, resolvemos aproveitar a oportunidade e unir nossas força para incentivar a contação de histórias dentro de nossas salas de aulas. O ato de contar e ler histórias influencia - e muito!- no desenvolvimento da aprendizagem dos seus alunos. Espero que gostem! 
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